Embora a luta da mulher para ocupar espaço no mercado de trabalho não seja recente, ainda há muito o que superar . É o que nos mostra o relatório do Fórum Econômico Mundial, ao prever que a igualdade de gênero só será alcançada em 2095. Mas, se as mulheres formam a maior parte da população brasileira, se elas têm mais educação formal e são responsáveis pela ocupação de 44% das vagas de empregos, por que essa equiparação levará tanto tempo?
Ocorre que, as barreiras enfrentadas pela mulher que deseja construir ou desenvolver uma carreira profissional no Brasil ainda são muitas, apesar de alguns avanços.
Equiparação salarial
Quando falamos de carreira e inclusão do gênero feminino, nos deparamos com um grave problema que é a discrepância na remuneração de homens e mulheres. E o pior é que até se alcançar a equidade de salários, ainda há um longo caminho a ser percorrido.
Conforme mostra uma pesquisa realizada em outubro desse ano pela empresa de recrutamento Catho, mulheres que ocupam posições de liderança como gerência e diretoria ganham, em média, 23% a menos do que homens nas mesmas funções.
Os dados divulgados evidenciam ainda que a desigualdade salarial ocorre entre outros níveis hierárquicos e em todos os níveis de escolaridade. E quais são os motivos para tanta disparidade?
Pode-se dizer que é por pura discriminação. No entanto, há outro motivo principal: as mulheres são as encarregadas de cuidar dos filhos, da casa, dos idosos. E a pausa no trabalho ou mesmo a redução da jornada reduz as oportunidades de carreira para elas. Sem falar nas chances de voltar a ocupar um cargo bem remunerado.
Como muitas empresas não têm políticas para maternidade, as mulheres, ao voltarem ao trabalho, não conseguem se reinserir e recuperar a posição. Além do mais, as profissões tipificadas como “para mulheres” geralmente são mal pagas. Já nas as áreas que melhor remuneram, elas são minoria. Deve-se destacar que no ambiente doméstico elas trabalham mais e ganham menos. E essa é uma situação que se agravou com a pandemia de Covid-19.
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Carreira ou filhos? Qual escolha fazer?
Esta é uma escolha carregada de injustiça. Afinal, grande parte das mulheres está adiando a maternidade, receosas de perderem oportunidades. Ao mesmo tempo, elas precisam se desdobrar para equilibrar o trabalho e a família.
Como mencionado anteriormente, as mulheres enfrentam muitas adversidades ao retomarem suas carreiras logo depois do nascimento do filho. Essas dificuldades fazem com muitas delas tenham que empreender depois que se tornam mães.
Já passou da hora de as empresas compreenderem a necessidade de transformar o ambiente corporativo, de acordo com a necessidade do gênero feminino. Afinal, as mulheres querem participar ativamente do mercado e possuem capacitação para isso.
Assédio no Trabalho
O assédio moral é uma das formas mais comuns no espaço corporativo. Ele diz respeito ao ato de expor a pessoa a constrangimentos e humilhações constantes durante a jornada de trabalho. Ocorre frequentemente, entre relações hierárquicas autoritárias e em muitas das vezes, a vítima se vê obrigada a deixar o emprego. Comentários sexistas como “Tá na TPM?”, e tantos mais revelam que o mercado de trabalho para as mulheres pode ser desafiador, pois não é nada fácil conviver com preconceitos e estereótipos.
Percebe que a desigualdade de gênero ainda é responsável pelos obstáculos que as mulheres precisam derrubar?
Apesar das lutas e movimentos em prol de causas relacionadas à carreira e inclusão, as empresas precisam traçar e executar estratégias para a ocupação genuína da mulher no mercado. Quantas mulheres trabalham na sua empresa ? Quantas delas exercem funções de liderança? Empresários, pensem nisso! Mas tenham a consciência de que só pensar não muda nada.
Não adianta ser diversa e inclusiva apenas porque está na moda. É preciso promover a representatividade e protagonismo feminino por meio de uma transformação cultural concreta e real no ambiente de trabalho.